Estamos numa época em que ser produtivo passou a ser visto como alguém de sucesso, alguém de valor e alguém que está sempre passos a frente. Uma época e uma geração que “cultua” o fazer o máximo que pode como se não pudéssemos mais ter um momento de descanso.
Vemos em muitos livros de autoajuda passo a passo para ser mais produtivo, como ser altamente produtivo, como ser uma pessoa com hábitos transformados em tantos dias e blá blá blá.
Veja bem, não estou aqui dizendo que isso não é possível, mas estamos vendo nos consultórios de psicologia, psiquiatria, fisioterapeutas e outras terapias estando cada vez mais lotados por pessoas que se cobram por não ser tão produtivo quanto o que é visto nas mídias sociais. Será que estamos numa era que só é válido a imagem, o belo e o produtivo? Ou estamos numa era que pode nos fazer refletir que é preciso buscar conhecimento e fazer diferente para que o processo valha a pena?
Porém, não nos questionamos e vamos seguindo o que nos é imposto, óbvio que seguimos muitas coisas impostas, mas será que vale nossa saúde? Vale a nossa perspectiva de futuro? Vale a comparação que é feita com quem diz que produz 100% do tempo?
Bom, na perspectiva da psicologia, se comparar ao ponto de se menosprezar, não é o mais funcional, uma prática distorcida em quanto o seu medidor não é o outro, mas o quanto você consegue se superar. O outro é apenas incentivo, não o “concorrente”, não a régua, não o que está contra você.
Pergunte a si mesmo se é possível ter essa vida altamente produtiva, dormir 8h, cuidar da casa, ir a academia, trabalhar exaustivamente e ser bom em tudo, ter um relacionamento maravilhoso, corpo perfeito, espiritualidade em dia e tudo isso sem nada para melhorar ou que tudo isso esteja tudo minimamente pronto a tempo e a hora. Isso não é possível, isso é limitante ao ser humano.
O descanso, o ócio é necessário. O trabalho é tão necessário quanto, pois é ele que nos faz fazer parte de uma sociedade e pessoas que estão ativas e fazendo coisas para melhorar o mundo que vivemos. Porém, parar para descansar, desfrutar de um fim de semana com a família, amigos, filhos e qualquer outra coisa que você julgue sobre estar bem.
Não há problema ter dias que não está a fim de fazer nada, mas ainda assim fazer, por que é a disciplina que faz a gente fazer o que precisa ser feito, e é essa mesma disciplina que faz a gente perceber que descansar o corpo, a mente é tão necessário.
O descanso é necessário, ele também produz autoconhecimento, traz soluções para problemas que você ainda não solucionou. Ele repõe nossa condição física e mental permitindo que estejamos conectados com a gente mesmo.
Qual foi a última vez que você tirou um tempo de descanso? Aproveitou suas férias? Aproveitou um domingo para dormir? Deixou que a sua agitação fosse posta de lado?
Não confunda descanso com procrastinação, ás vezes é necessário viver a procrastinação para se autoconhecer e descansar não pode ser associado ao fato negativo das coisas. Não é se render a preguiça, mas sim deixar que o momento de descanso seja algo que te faz conectar com você mesmo e se autoconhecer ao ponto de ser mais produtivo.
Não há uma receita pronta e nem uma receita totalmente eficaz. Há o momento em que você se permite. Tudo bem alguém ser mais produtivo que outro, o que não pode acontecer é a cobrança de que todos tem que ser assim. O sucesso não é pelo fato de ser ou não produtivo, mas o quanto você dedica o tempo que tem em estudo, dedicação, organização, em trabalhar quando não está afim e por fim, também descansar para que tudo o que você vem fazendo, faça sentido.
Sabrina Lucindo
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