A reportagem a seguir é do Super FC, da Rádio Super 91,7 FM, da Belo Horizonte.
Lane Gaviolle conversou com o Super FC, da Rádio Super 91,7 FM na segunda (1). Mandatário prega pés no chão e fala de comemoração com carreata e ‘cervejinha’.
“A sensação é de dever cumprido após sete anos batendo na trave”. Lane Gaviolle, presidente do Tombense Futebol Clube, é sereno, modesto e realista, em meio ao maior momento da história do clube. Em 2021, o time não foi finalista do Campeonato Mineiro como no ano passado. Parou na semifinal. No entanto, a atual temporada foi a prova de que o Gavião Carcará bateu asas, atravessou divisas e tornou-se, de vez, nacional.
Na Copa do Brasil, vendeu cara a derrota por 2 a 1 para o Vasco no Almeidão e caiu na segunda fase, arrecadando mais de R$ 1,2 milhão em premiação. E pela sétima vez na Série C do Campeonato Brasileiro, foi segundo colocado na primeira fase, com 27 pontos em 18 jogos.
A segunda fase ainda está em disputa, porém no sábado (30), mais um sonho se tornou realidade na pequena cidade de Tombos, na Zona da Mata. A mais de 4.000 km dali, o time da cidade venceu o Manaus por 2 a 1, de virada, na Arena da Amazônia. O triunfo da 5ª rodada da fase decisiva da terceira divisão nacional garantiu ao Tombense o acesso antecipado à Série B do Campeonato Brasileiro.
“Foi muito tempo batendo na trave. Acho que o ponto chave é o tempo que a gente vem trabalhando. Tenho a parceria com a Brasil Soccer, com o Eduardo Uram, há 22 anos. Uma coisa difícil, por causa de vaidade, mas graças a Deus nem eu nem ele temos essa vaidade. Os outros anos trabalhamos da mesma forma, graças a Deus esse ano deu certo. Fazer um time de uma cidade de 10 mil habitantes estar no cenário nacional, entre os principais 40 clubes, é muito difícil. Só chega assim tendo os pés no chão e cumprindo com suas obrigações”, revela Lane Gaviolle.
O time vai encarar o Ypiranga-RS, no domingo (7), pela última rodada da segunda fase da Série C, aguardando por Ituano (que também já subiu) ou Botafogo-PB para as finais, marcadas para 14 e 21 de novembro.
Nesta segunda-feira (1), Lane conversou com o Super FC, da Rádio Super 91,7 FM, e falou sobre vários temas relacionados ao acesso do Carcará.
Como foi a montagem do time em mais essa Série C, segurando jogadores como o atacante Rubens, que atrai atenção do mercado. O Tombense leva essa questão dos pés no chão também para o futebol?
“A gente não deve nada a ninguém. Não temos um (processo) trabalhista na vida. Se não for assim, não serve para mim. Isso é o que faz segurar os jogadores. A boa estrutura que o clube tem de centro de treinamentos, de hotel, de apartamentos mobiliados com tudo novo, de pagamentos em dia. Isso faz a gente trazer os jogadores e segurá-los”.
Como foi a comemoração e como fica a briga pelo título na reta final da Série C?
“A comemoração acabou ontem, o time chegou às dez horas da noite, teve uma carreata aqui na cidade. Eles (os jogadores) tomaram a cervejinha deles, o que é normal, a gente bancou na minha choperia. Agora, acabou. Vamos focar no último jogo (da segunda fase, contra o Ypiranga-RS) e depois nos outros dois finais, mas a gente não sabe contra quem vai jogar ainda”.
Pensando no ano que vem, o Tombense já pensa em mandar os jogos em Tombos ou em Muriaé?
“Temos duas situações. Por exemplo, o Brusque (SC) esse ano está jogando para cinco mil, parece. Então, vamos ter uma reunião na CBF para ver se poderemos mandar os jogos em casa, já que eu tenho segurança, gramado bom, vamos melhorar a iluminação e fazer um vestiário novo. Acho que não tem motivo para não jogar aqui. Se for determinado para sairmos daqui, a ideia é fazer uma parceria com o Nacional de Muriaé e jogar lá no estádio deles”.
Como fica a questão financeira impactada pelo acesso? Em termos de direitos de transmissão, por exemplo, a expectativa é de arrecadar mais.
“Muda o patamar. Na Série B, mudou o patamar. Você recebe mais e gasta mais. Mas, mesmo assim, nós vamos manter os pés no chão e vamos fazer do jeito que estamos fazendo em todas as séries. A gente vem dando certo assim, não tem que mudar. Temos que melhorar a infraestrutura cada vez mais, como fazemos todo ano. Mas, sabendo que a Série B é diferente, nossa logística é muito difícil. De repente, a gente tem que montar um elenco maior, até para fazer um revezamento de jogadores com os dois jogos por semana. Já temos tudo isso na mente, porque a gente já esteve para subir e fizemos planjamento de Série B várias vezes, pensando em subir. Agora é voltar com esse planejamento e pontuar algumas coisas”.
O atacante Keké, que pertence ao Tombense e está no Cruzeiro, pode retornar?
“Sobre o Keké, a gente está esperando. Foi feito um acordo com o Cruzeiro, enquanto ele estivesse lá contundido a gente estaria pagando o salário dele. Assim que ele voltasse a jogar, discutimos se ele vai ficar lá ou não. Por enquanto, não tem fechamento nenhum”.
Agradecemos pela participação e parabenizamos o Tombense, que agora vai fazer parte de uma elite no futebol brasileiro.
“Agradeço o espaço e a única coisa que eu falo é que vamos continuar com a mesma humildade, os pés no chão de sempre, não vamos mudar nada no estilo de trabalho. Deus vem nos abençoando com isso”.