Coluna da Psicóloga Fernanda Dalla Paula
Por que as mulheres sentem mais que os homens?
Para escrever esse texto me embasei na teoria psicanalítica, claramente que essa pergunta não possui apenas essa resposta, porém levanto aqui uma hipótese, de acordo com os estudos que tenho feito. Tentarei utilizar dos recursos mais simplórios na escrita, para que qualquer leitor(a) possa entender.
Veja bem, se tratando de homens e mulheres não há de se negar as grandes diferenças que percebemos em nível cultural, logo na própria linguagem que estamos inseridos. Isso diz de um patriarcado e machismo, afirmando que o homem possui algo que as mulheres não, como exemplos, direitos, escolhas, poder, posse do próprio corpo, dentre outros absurdos discrepantes.
Qual seria a diferença dentre os sexos?
Na psicanálise utilizamos do conceito de castração, que pode ser pensado em vários contextos e na escuta clínica, a castração diz de várias questões humana, mas aqui irei me delimitar à diferença anatômica dente homem e mulher.
Quando crianças tanto meninas quanto meninos em algum momento se dão conta da pequena diferença dentre os corpos, sendo este a presença e ausência do pênis. A menina acredita que em algum momento o dela crescerá e o menino fica se sentindo ameaçado em perder, surgindo a ideia inconsciente que o menino seria completo e ela incompleta, ele possui o que ela não possui.
Podem perceber a valorização social e cultural no membro masculino, mas obviamente que isso no final das contas não faz sentido algum, afinal o homem se sente ameaçado a perder a qualquer momento sua virilidade e sua potência, não preciso me alongar muito em exemplos neh, com certeza voce já vivenciou uma situação dessa, seja observando ou sentindo.
As mulheres que inconscientemente se reconhecem como castradas, por consequência disso, conseguem lidar com menos resistência aos seus sentimentos, elas choram, se deprimem, sentem ciúmes, sorriem, se divertem, sem muitos receios, afinal de contas não tem o que perder com isso, já eles inibem grande parte dos sentimentos pois pode perder a qualquer momento alguma coisa que não se sabe bem o quê, mas que comumente perpassa pelo nível da virilidade. Esse padrão é escancarado na heteronormatividade.
Sendo assim, o que se observa nesse fenômeno subjetivo e social, é que ninguém possui o falo, no sentido de um significante que afirma o todo e a não-toda, homens e mulheres se desesperam por uma ratificação em serem completos(as), não no sentido corporal, mas na plenitude em não demandar mais, buscando uma potência que nenhum dos sexos possuem, um poder irracional, no final das contas estamos buscando o que ninguém pode dar nem sustentar.
Mas ao contrário do dito popular, elas não pensam só naquilo, isso é mais coerente para eles, afinal o feminino ultrapassa uma barreira que o masculino não conhece, pensando no formato e caráter heteronormativo.
Referência:
SOLLER,C. O que Lacan dizia das mulheres. Zahar. Rio de Janeiro. 2006.