Coluna da Psicóloga Fernanda Dalla Paula

    É muito comum escutarmos que amar é sofrer, como se toda relação fosse fadada ao sofrimento. O sofrimento faz parte do amor, assim como de qualquer outras esferas de nossas vidas, mas reduzi-lo ao fracasso, ao sofrimento, aí fica meio esquisito neh!? Será que nesse sentido estamos dizendo de amor ou sintoma?

    Ao citar sintoma estou me referindo ao âmbito psicológico, a grosso modo, o sintoma seria uma deformação de um evento ou fantasias ocorrido e criadas durante a infância, ou seja, o sujeito age, fala e sente ao contrário do que de fato vivenciou ou fantasiou em seu passado. Exemplo: colocando o ciúme como sintoma, a pessoa que sente o ciúme de maneira demasiada, será que ela ama o(a) parceiro(a) ou goza em sentir posse do objeto amado?

    Todos nós construímos nossos próprios sintomas, isso para tentarmos nos livrar de memórias ou fantasias carregadas de afeto e sofrimento, ou seja, o sintoma protege aquilo pela qual não queremos lidar, mas em contrapartida o sofrimento não cessa, apenas não temos consciência do que de fato o desperta.

    Trazendo o sintoma para as relações amorosas, como citei acima o exemplo do ciúme, talvez o sujeito que obstina em se manter como ciumento e o(a) parceiro(a) que insiste em ser controlado através do ciúme da pessoa amada, não saiba nada de seu amor, somente saiba se relacionar assim, como se isso fosse amor, mas na realidade condiz a um sintoma que sempre se reatualiza nas relações amorosas.

    Nesse sentido, o sujeito não saberá nada sobre seu amor, mas somente sobre seu sintoma criado diante de uma sensação de perda por exemplo, o que muita das vezes se traduz e configura em relações abusivas, talvez seja por isso que comumente as pessoas confundem amor com sintoma, afinal o sintoma diz de algo íntimo do sujeito que este não sabe nem quer saber do que se trata, já o amor diz de uma criação que o sujeito ainda não soube fazer, por estar apaixonado pelo próprio sintoma.